Livro 1 - Conspiração
Arco I - Vilarejo Koonji
Cap. 02 - O Orc e os Fazendeiros
Vilarejo de Koonji, primeira hora do primeiro sol.
O primeiro sol recém tinha nascido e o céu estava ganhando seu tom azul. Mas Vëon já estava em pé, na verdade ele nem havia dormido. As estranhas cartas não saiam de sua cabeça, e para piorar a situação, aparentemente uma fazenda havia sido atacada pela besta durante a madrugada. No outro quarto, o jovem Jacques pensava em como gastar as pecas de ouro que ganharia. Talvez um manto novo ou quem saiba uma daquelas pistolas de pólvora criada pelos alquimistas?
De repente um grito vindo da rua trouxe ambos de volta a realidade. Seria mais um ataque? Durante o dia?
Jacques rapidamente calçou suas botas, pegou sua adaga e disparou pelo corredor em direção à saída da taverna. Encontrou com Vëon já na rua e seguiram juntos em direção ao grito, próximo ao pórtico de entrada.
Enquanto corriam, Vëon tentava pensar em que tipo de desafio os esperava. Todos sabiam que Trolls não saiam à luz do sol, e pelo tamanho da confusão não poderia ser um simples lobo. Outro problema era que tanto as fazendas atacadas quanto as Florestas Vermelhas ficavam do lado oposto. Seria possível ele estar tão enganado?
Faltavam poucos metros para chegarem à confusão, e o que ambos viram estava além de suas imaginações. O pórtico parecia estar fechado, de tão grande que era a criatura que estava parada nele. Deveria ter no mínimo dois metros, vestia um manto feito com a pele de um urso marrom e nas costas estava pendurado um machado grande de um metro e meio. Mas o que mais preocupou a dupla foi o fato daquela criatura ser um poderoso Orc.
-Isso é impossível, não existem Orcs nas Sanguinárias. -espantou-se Vëon.
-É mais que um simples Orc, pela roupa dele e a arma, eu diria que esse Orc é um mercenário profissional. -respondeu Jacques.
O quanto mais se aproximavam, maior o Orc parecia. Jacques sugeriu um ataque furtivo, mas Vëon logo descartou, pois o Orc não estava atacando. Muito pelo contrario, aparentemente ele estava tentando dialogar e os aldeões é que estavam nervosos.
A multidão começou a abrir espaço para dupla passar, na esperança de que os heróis cuidassem do monstro. Ao ver os dois aventureiros se aproximarem, o Orc caminhou em direção a eles.
-Gostaria de me encontrar com o duque Brugui, droga acho que não é esse o nome dele- resmungou o Orc- Eu deveria ter chegado ontem, mas tomei uma bebedeira que me fez desmaiar três dias. Mas pode avisar o príncipe Breai que o mercenário Morn esta aqui, assim como a carta solicitou.
-Carta? Você também recebeu uma carta? -gritou surpreso Jacques - o que você acha disso Vëon?
-Eu já esperava, o Conde falou em um grupo de quatro pessoas ontem. -respondeu o gênio- Um ladino, um feiticeiro e um bárbaro. Esta começando a fazer sentido...
-Eu não sei nada de grupo, O czar Babu me prometeu 1000 PO para matar um bicho que comia vacas, só isso. -respondeu Morn já um pouco exaltado.
-Eu sei amigo, todos estamos com o mesmo problema. Eu sou Jacques, um ladino que veio de Valkaria, e este aqui Vëon. Ambos fomos convidados por uma carta que aparentemente ninguém enviou. -informou o ladino.
-Um ladino e um feiticeiro? Não vejo utilidades nas habilidades de vocês para este serviço. A única coisa que eu preciso fazer é arrancar a cabeça do lobo fora. - gritou Morn, provocando um susto em algumas mulheres que passavam.
-Se são ou não uteis isso não vem ao caso e nem cabe a nos decidir. -falou Vëon de um modo que intimidou até mesmo o Orc- Vamos todos para a taverna aguardar a carruagem que nos levará para a mansão do conde.
Eles voltaram para a taverna e Morn pediu três canecas da melhor cerveja. Nenhum deles percebeu o estranho encapuzado no fundo da taverna.
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O primeiro sol já havia se posto e o céu começava a ter o ar alaranjado do segundo sol. Neste momento a carruagem chegou para levar, o agora trio, em direção à mansão do conde. Era uma carruagem simples, mas aparentemente o conde já espera novos aventureiros, pois a carruagem era espaçosa e sem cobertura, para que coubesse o Orc. E esse fato intrigou os aventureiros.
A comitiva foi seguindo pela viela principal do vilarejo, e aos poucos as casas de barro e palha começaram a dar lugar a quatro ou cinco fazendas, cada uma com uma mansão maior que a outra, celeiros, vacas, ovelhas e cavalos. Ao fundo já se podia perceber o inicio da Floresta Vermelha, porta de entrada para as Montanhas Sanguinárias. O ultimo terreno continha uma magnifica mansão de pedra. Sem duvida nenhuma a maior de todas, e com certeza a mansão do conde.
Assim que desembarcaram o conde em pessoa veio receber os aventureiros, conduziu os três até sua sala de reunião onde mais quatro senhores os aguardavam e logo foi falando:
-Estou muito feliz em ver que o grupo de vocês aumentou. Como podem ver, a minha versão da história esta mais próxima de ser verdadeira. Mas deixemos isso de lado, a situação se agravou de maneira drástica. Esta noite tivemos um novo ataque, mas ao invés de atacar as vacas e cavalos como era comum, a besta tentou invadir a casa dos Sethof. O conde Sethof conseguiu acertar um tiro na criatura, mas infelizmente ela conseguiu escapar...
-Espere, vocês estão alegando que a criatura é inteligente? Que ela sabia que era uma casa e estava tentando invadi-la? -questionou Morn.
-Bem senhores, preciso que me contem tudo o que sabem e o que já aconteceu no vilarejo. -falou Vëon- ontem e hoje andei pelo vilarejo e notei que as casas não sofreram danos nenhum da besta. A principio pensei ser pelo fato dos animais grandes estarem nas fazendas, mas agora os senhores insinuam que a criatura tentou conscientemente invadir uma das mansões?
O conde ficou por um momento em silencio, e logo após falou com toda a calma:
-Veja senhor Vëon, em nenhum momento insinuamos que ela tenha tentado entrar por se tratar da casa principal, apenas acreditamos que não encontrou os animais e atacou a primeira coisa que viu. Ficamos preocupados, pois essa foi a primeira vez que uma residência foi atacada.
Vëon e Morn deram uma breve troca de olhares, enquanto Jacques questionou:
-Como isso começou conde?
O conde olhou rapidamente para os demais fazendeiros, tomou um gole de seu chá como se pensasse as palavras que usaria, e então finalmente falou:
-Tudo começou a mais ou menos um mês. A primeira fazenda atacada foi a dos Bartozisk, criadores de ovelhas e porcos. Pelo estrago causado, pensamos se tratar apenas de uma raposa. Porem os dias foram passando e os animais mortos foram aumentando. Ovelhas e porcos já não serviam mais, ele atacava agora bois e cavalos. Os estragos foram aumentando, cercas, portas e barricadas eram destruídas facilmente. Colocamos armadilhas, mas elas foram ignoradas como se a besta já soubesse onde estavam.
Morn caminhou ate a janela olhou para o céu que já estava com seu laranja quase vermelho, provavelmente a quinta hora do segundo sol, mais uma hora e o breu avançaria. Morn se virou para os condes, e enquanto servia uma caneca de cerveja perguntou:
-Apenas as fazendas foram atacadas?
-Sim. -Respondeu o conde Bartozisk
-Bom, ou é pelo fato de suas casas serem mais próximas da floresta ou isso é pessoal -dito isso, o Orc bebeu sua caneca de uma vez apenas, bateu com ela na mesa e falou- me levem até o local do ultimo ataque, essa noite eu acabo com essa palhaçada.
Continua...
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