PARTE 07
A ALIANÇA DOS TRÊS
Algum tempo antes, alguns acontecimentos ocorriam longe de onde estávamos, e não devem deixar de serem relatados. Kershandallas é uma grande e bela cidade a oeste do reino, às margens do Rio dos Deuses. Ela tem se tornado muito popular em Arton por ser uma grande exportadora de uma fruta típica na região, o teckrod, uma fruta de coloração avermelhada e do tamanho de um punho fechado. Ela possui alto valor nutritivo, podendo substituir as refeições, mas é uma fruta cara por sua raridade, já que seu cultivo exige demasiados cuidados. Outro motivo pela fama crescente da cidade, é que é a cidade mais liberal e moderada de Sckharshantallas. A conselheira-mor da cidade, Khirollanda, meio-dragoa filha de Sckhar com uma elfa, é muito influente, tendo sempre a palavra final, e assim tem feito uma campanha populista arrebanhando cada vez mais o carinho do povo, oferecendo leis mais brandas e execuções menos pesadas. Atualmente sua mais nova medida é contratar mercenários e aventureiros para entrarem na milícia da cidade em busca de maior proteção, ou assim o diz. Na verdade ela pretende algo a mais por traz de tudo, como alguns poucos ouvem em boatos, ela possui a ambição de um dragão e deseja um golpe político para derrubar seu pai e tomar Sckharshantallas para si, as medidas populistas colocam a população a seu favor e o aumento da milícia com pessoas treinadas em batalha, como aventureiros e mercenários, aumenta o poderio pessoal para uma eventual investida. E ainda há mais, coisas que poucos ousam comentar, como certas alianças que ela realizou com grupos de ideais contra o tirano.
O sol já havia caminhado meio céu quando ela andava pela floresta escoltada por dois guardas (que seriam mortos por ela após o evento para que não tivessem como revelar o que iriam presenciar ali). Ela possuía a aparência estonteante de uma elfa intocada, de feições fortes de liderança, beleza de uma dama e metade do poder de um Rei-Dragão. Seus cabelos ruivos eram curtos e cintilavam à luz do sol, quando esta a atingia, fugida pelas folhagens das altas e antigas arvores daquele bosque velho. Suas curvas bem desenhadas eram precariamente ocultas por uma armadura que adornava seu corpo ressaltando seus “dotes” e ela trazia às costas uma capa de couro de dragão vermelho, com escamas que brilhavam à luz do sol e resistiam ao mais quente magma. Ela estava angustiada naquela manha, sabia que a noticia que iria receber era essencial para continuação de seu grande plano, e seus olhos rubros pareciam ver o sucesso com clareza e desejo. Só precisava confirmar suas expectativas. Suas pernas de coxas fortes e consideradas “deliciosas” por muitos homens, desviavam de troncos caídos e sua pele imaculada e perfeita revelava a força de como se ela tivesse escamas de dragão, fazendo galhos de espinhos quebrarem em esbarrões eventuais sem sequer sentir cócegas ou arranhar-se. Quando sentiu que estava próxima de seu objetivo, ajeitou seu belíssimo cabelo ruivo-fogo que ia até sua nuca, lisos e perfeitos, e passou pelo arbusto. Os soldados a seguiam receosos. Desde que foram ordenados a escoltá-la, não possuíam qualquer idéia de para onde iam. Assim que passaram pelo arbusto, se depararam com arvores cheias de vinhas caídas que tentavam esconder um arco de passagem de mármore que levava a uma estrutura em ruínas em comunhão com a floresta. “Bem oportuno!”, pensou Khirollanda ao passar pelo arco com os soldados, olhando para as vinhas espalhadas em vários cantos.
Aquele era um antigo templo em honra a Allihanna erguido por anões na era bárbara, quando Sckhar ainda expandia seu poder pelo reino que nem havia fronteiras definidas ainda. Provavelmente o local foi abandonado desde a época em que Sckhar proibira o culto à deusa da natureza. Khiro passou pelo o que seria um antigo jardim com uma fonte entupida de raízes e ervas daninhas, e continuou seguindo até adentrar a estrutura em ruínas. Ali dentro, em meio ao que seria o Saguão central, sob um grande carvalho erguido no centro, aparentando lá para seus 400 anos, havia uma mesa de pedra branca antiguíssima aonde se reuniam, sentados em pedras, seis homens encapuzados com um manto verde musgo que os cobria por inteiro e um casal de trajes simples e costumeiros para cidadãos. Um era um elfo de cabelo grisalho amarrado em um rabo de cavalo e a mulher era uma anã de cabelos roxos, de barriga rechonchuda, mas bela, como uma mulher “cheinha” bem cuidada.
- Boa tarde, senhorita Khirollanda! – disse um homem de capuz com voz sutil como uma serpente traidora.
- Boa tarde a todos! – ela respondeu com uma voz sedosa como um véu, porém com a veemência de uma líder. Apontou para os guardas que ficaram postados em pé um de cada lado dela – Quais são as boas novas? – indagou sentando-se graciosamente em uma pedra e cruzando as pernas de forma a enlouquecer o elfo.
- Nós nos reunimos hoje para saber como anda o andamento de nosso plano! – disse o que parecia ser o líder dos encapuzados.
- Hah! Espero não me arrepender! Uni-me aos Vinhas de Allihanna… - Khiro olhou para os encapuzados - … e os Lâminas… - olhou para o elfo e a anã -… em busca de sucesso! Espero estar financiando as pessoas certas!
Neste momento os membros dos Lâminas sorriram.
- Não duvide de nossa capacidade, senhorita! – disse o elfo – Nós fomos enviados pela guilda para trazer a notícia que a princesa prometida a Sckhar foi capturada por nossos agentes!
Um dos Vinhas de Allihanna se remexeu com a idéia.
- Certo, então vocês vão levar adiante a idéia de matar a princesa de Logus?
- Sem dúvidas, em alguns dias! – respondeu a anã com frieza.
- Lembrarei novamente que nós, da cúpula dos Vinhas de Allihanna repudiamos a idéia de matar alguém sem necessidade!
Khiro apenas observava quieta, sempre que os 3 poderes se reuniam dava nisso.
- Grandes objetivos só são alcançados com grandes feitos! – retrucou o elfo – Devemos mostrar que ainda há alguém que não quer se ajoelhar perante Sckhar! E ainda se revoltar eliminando o que ele mais preza depois do tesouro, seu harém de princesas prometidas!
O membro da cúpula do Vinhas bateu com a mão na mesa alterado.
- Mas com a morte não natural de um ser vivo????
- Sem dúvidas, pelo bem do Estado! – disse a anã sem se alterar.
Quando a cúpula ia retrucar, Khirollanda se levantou interrompendo-o.
- Basta dessa discussão inútil! Estou pagando para seus feitos serem ao meu desejo! A princesa deverá morrer para enfraquecer a confiança de pedra de meu pai, Sckhar! Inclusive aumento o preço da recompensa pela morte da princesa! Aonde será realizada a execução?
- Na praça central, na entrada da cidade, aonde está sendo erguida a Estátua do Rei Dragão! – o elfo respondeu com a voz rouca de temor pela voz de poder da meio-dragoa.
- Perfeito! Estarei me dirigindo para lá ao alvorecer de amanha! Irei constar com meus próprios olhos a morte de parte do tesouro do papai! GYYYYAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!!!!
- Não irá se arrepender, senhorita Khirollanda!
Khiro ajeitou o cabelo ruivo que ia ate a nuca e se levantou. Sem dizer nada apenas partiu seguida dos soldados que seriam carbonizados no meio do caminho, como “queima de arquivo”. A cúpula usou seu poder druida e entrou no tronco do carvalho, reaparecendo em árvores muito longe dali. Os Lâminas pegaram seus pergaminhos de teleporte oferecidos pela guilda e após usar sua magia, desapareceram em um facho de luz que os encobriu e dissipou-se na velocidade um piscar de olhos.
O que ocorrera naquele templo abandonado era só o inicio de uma grande história, uma reunião entre 3 dos mais temidos inimigos políticos do tirano Dragão Rei. A aliança dos 3 é formada pela conselheira-mor, Khirollanda, filha de Sckhar, que tem como ambição conquistar todo o Reino em um golpe político, e tudo sem transparecer, sendo que poucos são capazes de deduzir isso, e menos ainda de provar; os Vinhas de Allihanna, uma organização liderada por uma cúpula druida que tenta trazer de volta o culto ao Reino, pois o tirano quando não proíbe, dificulta a existência da religião, impondo a própria ou simplesmente destruindo os lugares sagrados da Deusa da Natureza. Esses agem na surdina, de formas sutis, na calada da noite, sem chamar atenção; e os Lâminas, a organização rebelde mais famosa por realizar grandes rebeliões e estardalhaço em todo o reino, como assassinando nobres publicamente ou destruindo prédios de serventia a Sckhar. E com esses três poderes influentes uma onda de problemas surgiria para Sckhar, mas isso só será contado mais tarde…
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