... Eu estava cansado, mas principalmente confuso com todos esses acontecimentos recentes, ainda sentado sob a simples cama de palha eu começava a imaginar o que teria acontecido com meus amigos, principalmente Cardorian, que tinha salvado minha vida. Durante vários minutos fiquei ali, pensando se ele e os outros ainda estariam vivos. Quando retornei de meus pensamentos logo me levantei, havia bastante comida sobre uma pequena mesa, minha fome era tanta que logo avancei no banquete. Depois de me satisfazer resolvi sair, aos poucos me coloquei para o lado de fora da cabana como alguém que queria só espiar e vi várias daquelas criaturas, "Centauros", como um deles havia dito outrora. No princípio fiquei assustado, mas depois de um tempo pude perceber que aqueles seres eram civilizados, tinham afazeres rotineiros e seu comportamento lembrava ao de um ser humano. Caminhei cerca de duas horas observando a aldeia, os vi treinar, ajudar uns aos outros, cultivar, voltar com a caça, brincar e cheguei a conclusão que era um povo pacífico, apesar de todos me olharem como um estranho, o que na verdade, eu era. Começava a escurecer e me veio uma oportunidade que talvez não fosse ter novamente, um dos guardas que me vigiava praticamente todo o tempo não estava olhando e aproveitei para escapar pela mata fechada. Me cortei em alguns espinhos mas continuei correndo, ofegante eu tinha certeza do que estava fazendo, afinal não poderia esperar para ver o que fariam comigo, era minha única chance. Encontrei uma pequena trilha que levava ao desconhecido, aos poucos a visão começava a ficar mais difícil pela escuridão e com o ouvido que ainda me servia eu podia ouvir sons amedrontadores vindos de dentro da floresta.
- Droga, onde essa trilha vai me levar?
Perguntava a mim mesmo em voz baixa
Depois de algum tempo eu estava muito cansado, sempre tive um bom condicionamento físico, mas ainda não estava totalmente recuperado, então parei e apoei as mãos no joelho para tentar descansar um pouco, derrepente um remelexo de folhas e galhos veio de alguns metros a minha frente.
- Quem está aí?
Disse em voz alta com certo medo
Ninguém respondeu, conforme ia escurecendo mais meu coração acelerava, eu estava com medo, e foi quando derrepente um ser de aproximadamente 1,3m pulou na minha frente, seus pequenos olhos avermelhados estavam fixados aos meus e ele não parecia ser nada amigável, além de estar armado com uma pequena lança improvisada.
Coloquei a mão no cinto para pegar minha garrucha, mas ela não estava lá
Nessa hora pensei o quanto ela iria me fazer falta naquele momento.
Dei alguns passos para trás mas ele veio para cima, tentando desferir um golpe. Meus reflexos ainda funcionavam e consegui desviar me lançando ao chão, fui me arrastando para tentar fugir e me deparei com outro logo à minha frente.
Levantei a cabeça devagar acompanhando aquela visão
Ele estava com uma arma em punho pronto para me decaptar quando senti o vento da flecha que o atingiu, fazendo com que ele caísse morto.
Me virei para ver o que estava acontecendo
- Arhos! você está bem? Disse o Centauro Chan, agora eu estava em dívida com ele
A outra criatura de olhos vermelhos conseguiu escapar e eu pude ver quando outros Centauros da aldeia apareceram armados e com Lamparinas em punho, que iluminavam grande parte do local.
- O que deu em você para se meter na floresta? Parecia estar irritado
- Vamos voltar para aldeia.
Eles me levaram de volta para a aldeia, não amarrado e nem amordaçado, mas livre e o que mais me impressionou era que eles pareciam estar felizes por terem me encontrado, e vivo. Assim que chegamos fui levado a uma "casa" que parecia ser a maior da vila, dois dos guardas ficaram do lado de fora e eu entrei sozinho, pude reparar que havia uma grande quantidade de livros velhos, pergaminhos, ervas e dezenas de outras coisas interessantes, enquanto eu admirava o local não percebi quando ele apareceu, apenas quando disse:
- Então, você é Arthos?
Me virei para ver quem chamava pelo meu nome e vi um "Centauro" que parecia ter uma idade mais avançada.
- Sim, sou eu, e quem é você?
- Sou Cratsbar, o Ancião da vila. Fico feliz em ver que você está bem, não faça isso novamente pois é muito perigoso. Dizia ele com uma voz de velho, mas com palavras sábias
- O que eram aquelas criaturas de olhos avermelhados? Perguntei.
- Góblins da floresta, tenha cuidado, são pequenos mas muito traiçoeiros!
- Góblins?
Eu estava ainda mais confuso, aos poucos estava chegando a conclusão que realmente deveria estar muito longe de casa.
- E o que estes Góblins queriam de mim?
- Jantá-lo provavelmente. Rindo-se da minha pergunta.
- Arthos, eu sei muito mais sobre você do que possa imaginar, eu sou a resposta para todas as suas perguntas, mas antes de fazê-las apenas me escute. Primeiro vou explicar como você veio parar aqui.
- A muito tempo atrás um grupo de aventureiros descobriu um mapa enigmático numa de suas aventuras, eles passaram muito tempo de suas vidas até que conseguiram decifrá-lo, era a chave para entrar na Cidade das Almas, um lugar que poderia esconder tesouros, jóias e itens mágicos. Estes aventureiros então partiram e seguiram rumo a Cidade das Almas. Juntos eles descobriram que para entrar na Cidade deveriam ter 3 itens mágicos, que unidos poderiam abrir o portal para as câmaras internas, mas para conseguir estas 3 "chaves" eles deveriam pagar muito caro, talvez com suas próprias vidas. Certo dia eles encontraram a primeira das 3 chaves, derrotaram um guardião dentro das tumbas malignas, mas foram pegos por uma armadilha da tumba que destruiu então todo aquele local. Fragmentos de poder foram liberados junto com outros itens que haviam lá, abrindo assim portais em diversas partes do mundo, estes portais são imprevisíveis e podem ligar mundos distantes entre si, uns aos outros, e creio que seja esse o motivo de você estar aqui.
- Mas como pode ser? fiquei surpreso com tal afirmação
- Eu e minha tripulação também encontramos um mapa para a cidade das almas, como esse mapa veio parar conosco então?
Ele ficou calado por alguns segundos
- Eis um dos problemas, depois de muito tempo alguém conseguiu encontrar o mapa na antiga tumba e deve ter caído em um dos portais, indo parar direto em seu mundo.
- Esta também é a única explicação para todo tipo de criatura sinistra que anda aparecendo por aí, nesses ultimos dias um verdadeiro caos tem tomado conta destas terras, cada vez mais aparecem coisas estranhas. Arthos, estes portais devem ser fechados e para isso vamos precisar da sua ajuda.
Continua...
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